23 de mai. de 2012

Prudência

O segredo que há, ali está,
sob a sombra de gestos frescos, adocicados.
Guardado!
Nem tanto por segredo ser.

Talvez para não se mostrar como um mal
que visa essa trama torpe de se perpetuar
e sobre toda a espécie prevalecer.

Maniqueísmo do mundo moderno.
Lstz

Telas que pintam no céu


A imagem de um entardecer faz-me refletir. A velocidade com que se modificam os tons do infinito parece competir com a velocidade que fixo ao acelerador, tudo vai mudando, as cores, as paisagens, os pensamentos. 
A lua ainda branca aguarda seu momento de cena. Não podem brilhar ao mesmo tempo. 
Sigo viajando. Refletindo.
Falta-me aptidão para admirar relações que simbolicamente são encontros de consoantes e vogais.
Relações com excesso de individualismo, mas sem personalidade, sem particularidade, estas não deveriam fazer parte de meu vocabulário. As sustento.
Vejo a nuvem escura. É dom. O sol consente que a nuvem pesada e escura passe à sua frente, e pacientemente a deixa transitar!
Tão logo ela se vai...devagarinho...mudando de formas, lá vem ele novamente, os raios, riscando de arte o infinito...
Mistura azul intenso, alaranjado, cinza amarelado, cores no alto que vão plainando, colorindo com uma mão invisível as telas da minha vida.
LStz




                                          2012 

22 de mai. de 2012

Desenrolar do Pergaminho

Por vezes acordo no meio da noite e me ponho a escrever. Às vezes é só uma frase que surge do nada, avulsa, sem sentido aparente. Outras vezes são ideias, pensamentos completos. Há noites em que chego a preencher folhas inteiras, o raciocínio flui velozmente, sem autodomínio. Hoje, já durmo com papel e caneta no travesseiro ao lado.
Não quero ser surpreendida por esta compulsão, que me arrebata nas madrugadas, me forçando a sonambular pela casa em busca de local para depositar o conteúdo do meu pensamento que, aos borbotões, emerge do meu inconsciente. Isso começou quando eu era, ainda, uma adolescente.
Lembro que a primeira vez que isso me aconteceu, eu devia ter uns quatorze anos, por aí. Interessante é que não se tratava de um texto. Era o desenho de um pergaminho, com as pontinhas enroladas e tudo. Daqueles que o mensageiro do rei usava, para levar mensagens de um canto ao outro do reino, lembra? Foi assim que tudo começou.
Não levei muito a sério. Na época achei o máximo descobrir como se desenhava um pergaminho. Houve um tempo que cheguei a pensar que não era eu quem escrevia, achava esquisito ter esses lampejos noturnos, mas acabei me acostumando. Escrevo mesmo no escuro, em linhas tortas, com letras garranchadas.
No princípio só falava sobre isso em casa com os mais próximos. Hoje, não temo mais que me considerem “diferente”. Na verdade, não sei bem o que entendem por diferente. Tão bonzinhos!...
É bem verdade que nunca ouvi alguém dizer que tem sintomas semelhantes aos meus, mas de uma coisa estou certa, não se trata de nenhuma patologia. Até me sinto muito bem quando isso acontece e só tomo conhecimento, de fato, do conteúdo do que escrevi, quando acordo pela manhã.
A maioria desses escritos acaba mesmo é na lata do lixo.
Não sou aquilo que se pode chamar de uma pessoa organizada, pelo contrário. Sonho em ter uma secretária que passe os dias ao meu lado, recolhendo minhas ideias, meus pensamentos, minhas frases, minhas palavras e que depois organize tudo e me entregue digitado e salvo em um pen drive.
21/05/2012 Maria Regina Torres

2 de mai. de 2012

Toalha de papel

As escritas sobre a mesa
desenhando vida de caneta azul
desenrolando enigmas
das opiniões circulares
que em sincrônia dançam
a nossa frente

O choro da garrafa gelada

se mistura a tinta
De azul
vai pintando a vida
O invisível Freud
Interroga, exclama!

Consagrado está

no papel da mesa
o destino delirante
dos que sabem
onde sombra e luz
se encontram.
É sempre, ao final um belo papel!

LStz