28 de nov. de 2011

Com som, sem cor

Lembranças e fantasmas
De mãos dadas
Pretendem um lugar
Aparecem e desaparecem
Não desejam convites
Espreitam oportunidades
Nisso são bons
Fantasma camarada
Te faz rir
Lembrança boa sorrir
Os dois unidos, se maus, assustar
Inverter o céu em mar
Fazer trovejar
Teu sorriso molhar
Ao avesso de ouvidos
Entradas “USB” me seriam mais úteis
Ao invés de palavras,
como fez Joe Bonham do filme Johnny vai a guerra
Código Morse.
Inércia total.
                                  LStz

27 de out. de 2011

Na noite solitária


Em frente ao espelho
a janela da alma
reflete o sonho
colorido

Mão desliza sobre o véu

pele, lábios, olhos
cores delicadas, sonhos

Cerrada a porta

sorrisos longos
cantarolar alegre
busca incessante

Sorrisos, risos, gargalhadas

movimentos bruscos
delicadeza perdeu

De volta ao espelho

chove na mesma janela
reflete o cinza
escorre a tinta

Mãos puxam o véu

desnudam a alma
o grito sufocado
encurva-se ao chão

Adormece a bela

Morre o sonho
alimenta a fera
para outro fim
                        LStz

23 de set. de 2011

Tatuagem na alma

Segundo dia de primavera
o dia amanheceu com um sol de preguiça
iluminando as folhas trazendo o verde
Presença que eleva o espírito
Disposição, vida, trabalho, incertezas,
cansaço.

Alegria faz retornar a juventude
mudança interior
Esforço por esta integração
Resultado invisível aos olhos
Fidelidade ao que é digno
amadurecimento tatuado.
LStz

29 de jun. de 2011

Para que títulos se a voz não é ouvida?!



Atenas Capixaba; Princesinha do Sul; Capital do Mármore; Cidadão Cachoeirense; Cachoeirense Ausente; Orgulho de ser bairrista. Títulos que homenageiam a cidade e seus cidadãos.
Cachoeiro de Itapemirim foi a inspiração de muitos ilustres personagens de nossa história e hoje deles nos recordamos celebrando o legado que aqui deixaram. Na comemoração do dia de Cachoeiro homenageiam-se os ilustres presentes e os ausentes, cidadãos que contribuem ou contribuíram para a evolução da querida princesinha do Sul.
Com a euforia das festividades deste junho de 2011 ocorreu-me a lembrança de que Cachoeiro havia recebido de dois cidadãos Paulistas, Valdieri Martin e Angella Borelli, um presente valioso: a brilhante idéia de ensinar a esculpir na rocha que dá o título a esta Capital do Mármore. A Princesinha do Sul se emocionou na inauguração da FUNPROARTE, e na arte de esculpir estiveram inscritos aproximadamente 128 alunos.
Contudo, o livre espírito artístico, foi apunhalado e reduzido a pó e papel, assim também, o projeto ao qual foram dedicados quase 20 anos de vida dos escultores Valdieri e Angella. A Fundação Pró Arte foi “deixada de lado” pelo poder público municipal. Não há que se falar em datas, pois o poder público, seja em qualquer mandato, tem o dever, que é sinônimo de obrigação, de apurar fatos e restabelecer a ordem. Incendiou-se, literalmente, a FUNPROARTE! Documentos, primeiras esculturas em argila que fizeram orgulhar não só os escultores, mas familiares e cidadãos que acompanhavam o projeto.
O que se almeja hoje é restabelecer o direito de ver cumprido o que está consignado em ata HISTÓRICA da Câmara Municipal, onde somente se viu igual número de pessoas no plenário daquela casa quando da discussão (oposta) da instalação do presídio. É um caso recorrente, a cada novo exercício de mandato muda-se tudo de lugar, o que se construiu em um mandato é destruído no outro, seja governo Municipal, Estadual e até Federal. É comum, é o que vemos, mas não é o que queremos.
A história se nutre de fatos, é contada por documentos, não há como apagar, no local (doado pelo município) onde foi um dia uma Fundação considerada documentalmente de utilidade pública, com o fim de ensinar a arte de esculpir em mármore, hoje se instalou o caos, esculturas que lá estavam foram danificadas ou mesmo destruídas, outras, salvas por Valdieri e Angella aguardam quem as receberá para ser parte do acervo cultural desta Atenas.
Existem leis e decretos visando a criação e organização da Fundação Pró Arte, a lei n° 3907/94 – Dispõe sobre a criação da FUNPROARTE, 9644/94 – aprova o conselho curador; Decreto 10.405/96 – Aprova o estatuto da Fundação Pró Arte; Decreto 10.406/96 – Aprova o regimento interno; Decreto 10.887/97 – Aprova a diretoria Executiva; Lei 4445/97 – autoriza ao poder público municipal a prestar ajuda financeira a Fundação. Tudo letra “quase” morta!
Para que servem tantos títulos se a voz dos cidadãos da Atenas Capixaba, Capital do Mármore não é ouvida! Muitos alunos estiveram na Câmara Municipal manifestando-se em prol da fundação, em jornais já se escreveu em defesa da Fundação Pró Arte. Em 1998, a Defensora pública Viviane Terezinha Romanelli, sobre a possibilidade de fechamento da Funproarte escreveu sobre o que havia lido em 18/04/94, palavras que nos emociona: “(...) com muita tristeza, pude ler que a Fundação está com seus dias contados. Será que nós homens temos o Direito de, com nosso descaso interferir na história interrompendo um projeto de grande valor cultural, social e econômico para nosso município? E continua sobre texto que Valdieri escreveu da hipótese da Fundação somente ter o alcance desejado em 2015: (...) “Se assim for, muitos de nós terá de assistir ao evento dos camarotes do Céu, pois já não mais estaremos aqui “di persona” para sentir aquela emoção que todos nós sentimos, principalmente Valdieri e Angella, no momento daquela inauguração”.
O Cachoeirense Presente deste ano de 2011, Juarez Tavares, foi um dos primeiros entre tantos outros a exemplo de Wilson Dilem a se pronunciar em defesa do projeto da FUNPROARTE. Quem o defenderá novamente?
Aqueles que repetindo o gesto de “Pilatos” lavam as mãos, não terão chance de arrependimento, quem tem competência para tal, mude o rumo da história, escreva seu nome nela, ressuscitando este projeto de importância cultural, social e econômica para Cachoeiro.
26 de junho de 2011
( LStz)


8 de abr. de 2011

O eco do grito na velocidade do projetil fatal

Mais um ...
Lara com Z passa agora na TV
Vestido vermelho como o sangue que jorrou na manhã
de uma quinta feira sombria, escorrendo nas escadas como em filme de terror.

Adágio de Marco Antonio Araujo toca baixinho, lembranças..., quando a sorte te solta um cisne na noite...


Uns dizem psicopata, outros louco,outros tantos nem sabem o que dizer.

Espreitam pelo mundo, ele era sozinho, quase não conversava, não tinha amigos...
Os vizinhos o achavam estranho
Com quem falava na madrugada?
Com as armas virtuais dos incontáveis jogos eletronicos
que muitos pais utilizam para "sossegar" seus filhos?
Quem eram suas companhias?

Como gritar para o mundo a doença da alma se há um nó na garganta?

Não aprendeu a sair de sua tortura mental? Não desejou sair?
Sua amarga trajetória virou fel
A explosão de seu grito preparado ecoou pelo mundo
Quem irá ouvir?

Paleativos tampões de ouvidos para quem sente na na alma a perda trágica de seus queridos pedaços, "metade amputada" na canção do Chico.


Imediatismo! Discute-se a segurança nas escolas, discute-se o desarmamento

Calam-se para fatalidades ainda piores anunciadas no levante do bulling, nos tratamentos diferenciados
Vizinhos se escondem atrás das janelas, não querem se envolver com nada que se pareça com o anormal

Pobres crianças, transformem-se em anjos.


Quantos mais por ai, sem diagnóstico, sem amigos, somatizando as dores do mundo, e trancados em seus mundos particulares, articulando nos seus sombrios pensamentos, não aceitando suas doenças da mente, seus transtornos, aguardando o momento do grito fatal.


Escondidos em seus labirintos mentais, cegos, tristes, camuflados de dor, seguem invisíveis para os felizes mortais.

No plano de morte não teve coragem para enfrentar a dor da solidão, levou consigo a alegria de pais, de amigos, como se quisesse lhes roubar o que não teve, o que pensou que lhe deviam.

Honra de heróis a estas crianças que lamentavelmente serviram para saciar Minotauro em seu labirinto

Ecoe o grito das mães, dos amigos, e do invisível ser.

Lamentem suas mortes, lamentem o bom dia esquecido, lamentem a indiferença, o descaso, a cegueira, a falsidade, a má prestação de serviços, a falta de segurança, lamentem o caos social, lamentem por aqueles que fingem não ver, que se acomodam, mas, lamentem também pelos grupos que segregam com a elegância de girafas ao lado das formigas.


 LStz

10 de jan. de 2011

Medo da chuva...

Em dia de chuva olhar pela fresta da janela parecia coisa normal
Saborear os bolinhos na casa da vó em meio a tantas arvores trazia um alento à alma.
Tão rápido quanto o tremor que surgia a cada trovão misterioso seguido a relâmpagos assombrosos
A grande janela de madeira pintada do alto do apartamento era como um imã nos dias de tempestades
Magnetizada se colava àquela janela sombria, vigiava a chuva, lágrimas corriam, outras escondia.
Força sugada pelo medo daquele dia cinza.
As mãos daquela mulher mulata, agarradas as suas, em oração se tornou fortaleza e alento.
E a cada nova tempestade corria escada à baixo procurando seu socorro.
Numa manhã de horror fora de sua fortaleza, o céu enegreceu
Raios em plena manhã? Quem pegará sua mão? E a janela? Nada a fazer
Olhos estatelados de pânico, silêncio na sala de aula, todos olham atordoados, nunca viram aquilo.
Deus veio em seu socorro em forma de uma freirinha vestida de branco.
Pegou sua mão, devagarinho a retirou daquele espetáculo público, a colocou em contato direto com o Todo Poderoso na capelinha coberta de cortinas rosa.
Pouco a pouco venceu o medo, agora suga sua força da chuva olhando relâmpagos e trovões.
1998