18 de nov. de 2012

Reflexos do dia

dia a dia...
O que me encanta nos poetas
nas cores e imagens de sonhar
o som do instrumento e a voz que faz emocionar. 
O que causa espanto.
Pensamentos! 
Imagem do mundo singular refletido por uma janela que se abre com o raiar do dia.
 e a noite... 
 é o espelho.

11 de nov. de 2012

Um clarão na fresta da porta



Flores, flores, e mais flores
Flores, raízes e folhas
Troncos, frondosos troncos
Galhos
Flores caindo ao chão
Pétalas cingidas de folhas secas
Pó, pedra, terra e suor
Inanimados
Contempladores dos descalços pés
sobre as amarelas folhas
Espinhos
Som de paz e de guerra
No estalar das vencidas folhas secas
No silencio das pulverizadas pétalas
O rastejar dos pés
Lampejo
que se espreita pela fresta da cerrada porta
É o tempo  que foi raiz, tronco, galho, folha, flor, pétala
Espinho cravado ao suor
do pé fincado na terra
pisando pedra, pó, folha, flor
Era para ser somente uma mística visão do sol se pondo

25 de out. de 2012

30 de ago. de 2012

Centenário do Professor Dr. Deusdedit Baptista

                                                              
Num pequeno e singelo texto Laura Stanzani, lá de Portugal, curtiu o centenário do Professor Deusdedit Baptista. Recordou com as fotos de seu casamento civil no Brasil, que fora possibilitado pelo auxílio de Professor Dr., que assinava como procurador daquele que do outro lado do mar também se casava com ela por procuração.

"Meu querido professor que Deus deu - Deusdedit!
E Deus deu-te bondade, sabedoria, alegria, generosidade, dedicação e solidariedade para repartires com aqueles que tiveram a sorte de viver no teu tempo e no teu meio.
Eras um rosto da cidade. Um rosto aberto e sorridente. Sorrias todo, até às orelhas, com todos os dentes. Que lindo!
Agora lá estás com a nossa querida Théia. Esperem por nós, que vamos lá ter. Por enquanto ainda temos que ir lutando para sermos bons, generosos, dedicados, solidários e alegres.
Viva a alegria!
Um "bem-haja" a todos  os que tiveram  esta feliz iniciativa"
                                                                 Laura Stanzani Lapa

17 de jul. de 2012

Circulos


Ricardo Stanzani Toledo - 15.07.2012


Onde nasce a vontade criativa?
 da paz
da incerteza
da dor, da alegria
dos circulos viciosos
ou do nada
que só você sente.
LStz

7 de jul. de 2012

Sincronismo óptico

Sou pelo politicamente incorreto
Aquele que não vê explicação em verdade fabricada
Cuja visão despretensiosa consegue ver beleza até no que incomoda.

Sou também pelo politicamente correto
quando assim o for, de uma verdade pura, interna, intensa,
sem ser esponja de lugares comuns, pensamentos comuns.

O que é complexo é meu ímã.
Comportamentos que só se adequam a conceitos antigos
são apenas maquiagem de excremento.

Gosto dos loucos e dos santos, sim!
Mas não escolho meus amigos somente pelo brilho questionador.

É por algo maior!


É pela transmutação eclética do sincronismo óptico

que explode em invisíveis partículas os pensamentos mais secretos.
LStz



3 de jul. de 2012

Lucidez

Marcada por um lampejo de fogo.
Travestida de lucidez, a taça.
Inteira, brilhante, delicadeza sutil.

Som bizarro penetrando almas
Bendita luz cruzando o ar
Decepando.
Metade, visão opaca, revirando os monstros

Maldita taça!
Bebeu o sol!
Engoliu a tarde!

Enegreceu o mundo!
Zombou de todos!
Serviu cicuta!

A taça louca
Na pretensão de ser Príapo
saudou seu Baco
partiu-se ao meio
saboreou seu vinho, seu corte.

LStz 02.06.2012




26 de jun. de 2012

Relógio


              
Espantalho
Relógio parado
Olhando
Não conta minutos
Não tem pressa de nada
Fica
Ponteiro de pouso
Para o que voa, flutua e grita  pensamentos

25 de jun. de 2012

...Roda

A surpresa atingiu a bomba d'água.
Vermelho o chão.
Eis que surge a roda que um dia fez pulsar a água clara que circulava límpida.
Num leito verde devassado por paredes que não mais se vê.Caída a roda.
Restou ao complexo cinza se colorir com imagens mentais.
Plainava sobre a Roda Morta do mais maldito dos malditos e os ancestrais que ali passaram.
O triste em tudo isso é tudo isso.
                                                                           

18 de jun. de 2012

Disfarce



O que deseja não é o que faz. 
Sem sentido.
O que diz é disfarce.
Seu, meu disfarce! 
Amado disfarce.
Deixa viver sem o risco do ataque inédito.
Sonhar, sem perder a essência.
Serenidade que abriga a alma.
Um sossego que aquieta e acalma
ou quem sabe queime e incendeie.
Um amado disfarce.
Que faça forte para não sucumbir,
posto que a alma em chamas é frágil.
É doce.
É dia em que enxergas por dentro, 
derrete o gelo 
escorre à face.
É dia em que o tapete voou
poeira levantou
Olhos de espanto avermelham o céu.
Amado disfarce
Esvai-se devagar
Que o rancor não te roube lugar
Que a brandura se achegue mansinho
E antes do anoitecer já amara estar só novamente.
Lerá livros antigos
recordará dias com amigos
Redescobrira 
Seus desejos com sentidos, 
Revolucionará esse mundo caduco
E sem disfarces,
brandura e alma lavada 
Traduzirá
Singeleza 
Fragilidade perfeita.
LStz
           




17 de jun. de 2012

Como nos conduzimos



O comportamento de um único sujeito pode acarretar danos ou benefícios a um indivíduo ou a um grupo, porém um momento visto isoladamente não pode definir caráter ou a falta deste. 
A constância de determinados comportamentos sim, pode na relação de intensidade, tempo e espaço definir com quem estamos nos relacionando.
Embora uma atitude isolada possa dizer muitas coisas a respeito da personalidade, das máscaras, não pode definir o caráter.
Podemos, por exemplo, mostrar insegurança diante de fatos novos, medo, raiva, ter um sentimento negativo em relação à confiança, alegria, enfim, motivações que podem nos levar a tomar atitudes repulsivas que nos surpreendem.
O fato é que cobramos do outro atitudes que não temos, e isso é uma constante. 
Eu, tu, ele, nós, vós, eles, todos atuamos com nossos papeis, não importa a "caracteriologia".


8 de jun. de 2012

Resposta

 O tempo persegue e esse pêndulo anda rápido.
Ludibriá-lo
Esconde-esconde, lá vem ele, um passo sempre adiante. 
Resolve então andar atrelada a ele, não se pode pará-lo.
Corre junto apostando todos os dias que ele não passe à frente.
Permanecer...
Em algum lugar, algum tempo que ficou pra traz, distante.
Tempo em que poderia ter feito escolhas.
Reaparecem todas
Não há respostas, só tempo.
Tempo passado e presente
                LStz


23 de mai. de 2012

Prudência

O segredo que há, ali está,
sob a sombra de gestos frescos, adocicados.
Guardado!
Nem tanto por segredo ser.

Talvez para não se mostrar como um mal
que visa essa trama torpe de se perpetuar
e sobre toda a espécie prevalecer.

Maniqueísmo do mundo moderno.
Lstz

Telas que pintam no céu


A imagem de um entardecer faz-me refletir. A velocidade com que se modificam os tons do infinito parece competir com a velocidade que fixo ao acelerador, tudo vai mudando, as cores, as paisagens, os pensamentos. 
A lua ainda branca aguarda seu momento de cena. Não podem brilhar ao mesmo tempo. 
Sigo viajando. Refletindo.
Falta-me aptidão para admirar relações que simbolicamente são encontros de consoantes e vogais.
Relações com excesso de individualismo, mas sem personalidade, sem particularidade, estas não deveriam fazer parte de meu vocabulário. As sustento.
Vejo a nuvem escura. É dom. O sol consente que a nuvem pesada e escura passe à sua frente, e pacientemente a deixa transitar!
Tão logo ela se vai...devagarinho...mudando de formas, lá vem ele novamente, os raios, riscando de arte o infinito...
Mistura azul intenso, alaranjado, cinza amarelado, cores no alto que vão plainando, colorindo com uma mão invisível as telas da minha vida.
LStz




                                          2012 

22 de mai. de 2012

Desenrolar do Pergaminho

Por vezes acordo no meio da noite e me ponho a escrever. Às vezes é só uma frase que surge do nada, avulsa, sem sentido aparente. Outras vezes são ideias, pensamentos completos. Há noites em que chego a preencher folhas inteiras, o raciocínio flui velozmente, sem autodomínio. Hoje, já durmo com papel e caneta no travesseiro ao lado.
Não quero ser surpreendida por esta compulsão, que me arrebata nas madrugadas, me forçando a sonambular pela casa em busca de local para depositar o conteúdo do meu pensamento que, aos borbotões, emerge do meu inconsciente. Isso começou quando eu era, ainda, uma adolescente.
Lembro que a primeira vez que isso me aconteceu, eu devia ter uns quatorze anos, por aí. Interessante é que não se tratava de um texto. Era o desenho de um pergaminho, com as pontinhas enroladas e tudo. Daqueles que o mensageiro do rei usava, para levar mensagens de um canto ao outro do reino, lembra? Foi assim que tudo começou.
Não levei muito a sério. Na época achei o máximo descobrir como se desenhava um pergaminho. Houve um tempo que cheguei a pensar que não era eu quem escrevia, achava esquisito ter esses lampejos noturnos, mas acabei me acostumando. Escrevo mesmo no escuro, em linhas tortas, com letras garranchadas.
No princípio só falava sobre isso em casa com os mais próximos. Hoje, não temo mais que me considerem “diferente”. Na verdade, não sei bem o que entendem por diferente. Tão bonzinhos!...
É bem verdade que nunca ouvi alguém dizer que tem sintomas semelhantes aos meus, mas de uma coisa estou certa, não se trata de nenhuma patologia. Até me sinto muito bem quando isso acontece e só tomo conhecimento, de fato, do conteúdo do que escrevi, quando acordo pela manhã.
A maioria desses escritos acaba mesmo é na lata do lixo.
Não sou aquilo que se pode chamar de uma pessoa organizada, pelo contrário. Sonho em ter uma secretária que passe os dias ao meu lado, recolhendo minhas ideias, meus pensamentos, minhas frases, minhas palavras e que depois organize tudo e me entregue digitado e salvo em um pen drive.
21/05/2012 Maria Regina Torres

2 de mai. de 2012

Toalha de papel

As escritas sobre a mesa
desenhando vida de caneta azul
desenrolando enigmas
das opiniões circulares
que em sincrônia dançam
a nossa frente

O choro da garrafa gelada

se mistura a tinta
De azul
vai pintando a vida
O invisível Freud
Interroga, exclama!

Consagrado está

no papel da mesa
o destino delirante
dos que sabem
onde sombra e luz
se encontram.
É sempre, ao final um belo papel!

LStz










5 de abr. de 2012

Camaleão

Não há certeza em nada
nem mesmo no que momentaneamente te ocorre
na mente, ao redor...
Mas há que se fazer escolhas!
Separar, passar uma peneira em tudo que te rodeia
Não lamentar perdas inúteis.

Acreditar, mesmo na incerteza, ainda que com espanto,
que os interesses que movem o mundo
que chega até você em dado momento,
são os degraus sórdidos que se busca para se chegar ao topo do nada.

Crendo, seja você o nada aos olhos do mundo,
e seja você o tudo que deseja ser
Ao espanto, silencio
Ao sangrar, sorriso...e livro
LStz


28 de mar. de 2012

Robotizados!

Hoje os carteiros deveriam ser chamados correspondenteiros. Bateu uma vontade ter um carteiro na porta. Um carteiro daqueles que batia palmas e gritava no portão: "Carteeeeerooooooo...."
Nessa hora sempre corríamos pra saber a novidade que continha naquele envelope de bordas listradas, era sempre os de listinhas azuis e vermelhas, que não sabíamos o que significava,  que traziam maior alegria, corria de mão em mão, dos adultos, é lógico, pra família toda ler. Havia a certeza de que quem escrevera estava bem e  perdera um saboroso tempo desenhando para que a letra estivesse mais perfeita possível, só para agradar, para transmitir o carinho expresso em palavras de tinta em papel.
Parecia até que tinha som! É um dia que tem essência e aguça o olfato, lembrança viva de dia alegre.
Já escrevi cartas e ansiava a resposta demorada, meus envelopes eram de listinhas verdes e amarelas, ou era branquinho sem listas com algum desenho bonitinho, meu papel, como aprendi, deveria ser delicado, branquinho. Ah! Eu sempre adorei papeis de cartas bem finos. Também já prometi enviar carta que nunca foi postada. Decepcionei!
De uns tempos pra cá ando confusa, tem um clicar de dedos que me faz esquecer que um dia usei lápis, papel ou caneta. Neurose? Talvez! Disfarces da tecnologia que não me deixam mais pensar? Não sei.
 É um silêncio que vem, e que vai. Sem lugar de partida, sem saber onde é a chegada. Pode ser norte, pode ser sul. E quando se faz uma pergunta! Não sei se a resposta é uma fala, ou somente uma escrita. Mecânica, tecnológica.
Ando mesmo preocupada!
Estou desaprendendo de falar, e assim penso que talvez desaprenda de ouvir.
Nesse silêncio interno de palavras rápidas que vão e que vem em minutos, começo a reaprender a escrever. E os gritos externos pouco a pouco vão impregnando meu papel digital.
Na minha inquietude onde a falta de som é pressão, a dádiva divina da fala se oculta, minhas palavras tem formas constantes, só mudando cores de fundo conforme a estação.
Sem saber o paradeiro de meu devaneio tecnológico, arquivei palavras, vindas de onde não sei. Amanheceu... Sufoco a paz rompida, as palavras arquivadas... devastei com sabor de ácido e sal.
 LStz

10 de mar. de 2012

Quietude

Silêncio
Auto explicavél
Penetra o que você permite
Paz, quietude, serenidade, amor               raiva, sonho, fantasia,                   
melancolia, angustia, dor
leituras, releituras de atos
no eu, teu, ao redor
crescimento, sabedoria,
morte, vida
Ambiguidades doces,
ternas, minhas.
Lstz
                          

4 de mar. de 2012

Aliados Meus


por vezes 

inconstante

  inquietude
  
torna-se 

perfeita aliada!

2 de mar. de 2012

E eu... numa súbita prepotencia

Conto as horas para repetir palavras
E o que é ternura voa no invisível
Sem som, sem tom, sem formato
Convence que o afeto contido
é sempre palavra repetida 
e numa súbita prepotencia me deleito
em versos julgando-os meus.
Espelho de meus atos, quebrado em dezesseiss partes
de valores iguais, cada um refletindo diferentes imagens
de incertezas, que dançam a minha frente
Conto as horas para repetir palavras
que irão transbordar meu rio, eu sei,
Somente as repito, sem som, sem meu tom, sem minha melodia.
LStz

13 de fev. de 2012

Meio e ponto!

Quando criança, com os olhos brilhando vislumbrava a coleção dos maiores filósofos do mundo na estante cerrada com portas de vidro, estante proibida, só havia permissão para ler os da estante lateral, esta era a estante dos sonhos e fantasias, livros que lia atentamente numa tarde, no quarto do meio, daquela casa envolta em arvores.
Até algum tempo, não distante, ainda se questionava por não tê-los lido, e pensava em quantos deixará de ler. Tentou resgatá-los, enfim, não se sabe os motivos de não os ter lido. Passaram-se dias, meses e anos entre tantos contados, 14, 20, 30, ou mais.
Amanheceu, correu o dia, os minutos se transformaram em longas horas, alçou seu voo, contemplou um pôr de sol exuberante a 80, 100, 120 km, dando rasantes e cortando o vento nas curvas, apreciando montanhas e nuvens.
Veio a lua, coloriu de prata seu céu, desejando fazer crer que depois o mundo fica azul ou da cor que se quiser pintar. Os minutos se transformaram novamente em longas horas, e em meio a estrelas e luzes urbanas a intrigante lua se tornou pequena, insignificante.
Saltou-lhe aos olhos o real.
Uma tempestade de idéias que a faz girar.
Seu voo agora é gelado, e numa febre repentina surgem asas de fogo.
Num espaço sombrio, não mais tendo a nítida visão, tanto faz ser iceberg ou vulcão incandescente, fraquejaram embaralhados os sentidos, sinais confusos forçaram pegar a indevida rota.
A Intuição, eterna companheira, agora segue desordenada em um circuito fechado, não é mais seu absoluto socorro.
O improvável lhe paralisa as asas que docemente cortavam seu céu. Foi de um extremo a outro, sem tocar seu chão, seu porto.
Na espiral do silencio. Emudeceu.
Ali estava com sua outra parte que havia se apartado há tempo. A parte que só vive se alimentada de extremos. A parte que já não mais almejava. Sua metade enjaulada.
Os livros que outrora ansiava voaram à sua frente, páginas arrancadas ao vento colorindo de branco o negro céu, feito pequenos balões entre capas prateadas lançadas umas contra as outras. Não os aspira mais!
Abraçará sua parte de extremos, arriscará seus caminhos tortos, conviverá com o enigma das escolhas arriscadas. Captura sua parte extremada bem no centro, não a perderá, mas a enlouquecerá por dar-lhe visão, por retirar-lhe a flor da pele onde se expõe.
Desperta do seu mundo de extremos desvairados.
Agora será meio!...Sem certezas.
Meio e ponto! Meio quente; meio frio; meio ar; meio vento; meio sol; meio lua...
Será assim... Meio morte, meio vida!
                                                                LStz

4 de fev. de 2012

A vida em quadrinhos

Quem pode gostar desse barulho de mar
Dessa paz fugaz
Da inquietante noite com estrelas exibidas a desfilar
Quis gritar palavras de fogo
A atingir milhas
De secar o insolente mar
Parar o tempo
O recontar
A quem importa se sensível ou ingênuo
A carne já exposta ao vento cortante
Danou-se! Não aprendeu a jogar
Caíste no abismo
que juraste não mais entrar
Cerra teus olhos sem lamento
Reconta o tempo
Espera a chuva
Teu maior alento
Lava tua alma
A recomeçar
Numa grande festa
Que viver é isto
Feito quadrinhos dos gibis alucinantes
que anestesiam, enfeitiçam, fazem sorrir,
e vão pra estante ou algum canto qualquer
a ser passado adiante.

LStz