29 de jun. de 2011

Para que títulos se a voz não é ouvida?!



Atenas Capixaba; Princesinha do Sul; Capital do Mármore; Cidadão Cachoeirense; Cachoeirense Ausente; Orgulho de ser bairrista. Títulos que homenageiam a cidade e seus cidadãos.
Cachoeiro de Itapemirim foi a inspiração de muitos ilustres personagens de nossa história e hoje deles nos recordamos celebrando o legado que aqui deixaram. Na comemoração do dia de Cachoeiro homenageiam-se os ilustres presentes e os ausentes, cidadãos que contribuem ou contribuíram para a evolução da querida princesinha do Sul.
Com a euforia das festividades deste junho de 2011 ocorreu-me a lembrança de que Cachoeiro havia recebido de dois cidadãos Paulistas, Valdieri Martin e Angella Borelli, um presente valioso: a brilhante idéia de ensinar a esculpir na rocha que dá o título a esta Capital do Mármore. A Princesinha do Sul se emocionou na inauguração da FUNPROARTE, e na arte de esculpir estiveram inscritos aproximadamente 128 alunos.
Contudo, o livre espírito artístico, foi apunhalado e reduzido a pó e papel, assim também, o projeto ao qual foram dedicados quase 20 anos de vida dos escultores Valdieri e Angella. A Fundação Pró Arte foi “deixada de lado” pelo poder público municipal. Não há que se falar em datas, pois o poder público, seja em qualquer mandato, tem o dever, que é sinônimo de obrigação, de apurar fatos e restabelecer a ordem. Incendiou-se, literalmente, a FUNPROARTE! Documentos, primeiras esculturas em argila que fizeram orgulhar não só os escultores, mas familiares e cidadãos que acompanhavam o projeto.
O que se almeja hoje é restabelecer o direito de ver cumprido o que está consignado em ata HISTÓRICA da Câmara Municipal, onde somente se viu igual número de pessoas no plenário daquela casa quando da discussão (oposta) da instalação do presídio. É um caso recorrente, a cada novo exercício de mandato muda-se tudo de lugar, o que se construiu em um mandato é destruído no outro, seja governo Municipal, Estadual e até Federal. É comum, é o que vemos, mas não é o que queremos.
A história se nutre de fatos, é contada por documentos, não há como apagar, no local (doado pelo município) onde foi um dia uma Fundação considerada documentalmente de utilidade pública, com o fim de ensinar a arte de esculpir em mármore, hoje se instalou o caos, esculturas que lá estavam foram danificadas ou mesmo destruídas, outras, salvas por Valdieri e Angella aguardam quem as receberá para ser parte do acervo cultural desta Atenas.
Existem leis e decretos visando a criação e organização da Fundação Pró Arte, a lei n° 3907/94 – Dispõe sobre a criação da FUNPROARTE, 9644/94 – aprova o conselho curador; Decreto 10.405/96 – Aprova o estatuto da Fundação Pró Arte; Decreto 10.406/96 – Aprova o regimento interno; Decreto 10.887/97 – Aprova a diretoria Executiva; Lei 4445/97 – autoriza ao poder público municipal a prestar ajuda financeira a Fundação. Tudo letra “quase” morta!
Para que servem tantos títulos se a voz dos cidadãos da Atenas Capixaba, Capital do Mármore não é ouvida! Muitos alunos estiveram na Câmara Municipal manifestando-se em prol da fundação, em jornais já se escreveu em defesa da Fundação Pró Arte. Em 1998, a Defensora pública Viviane Terezinha Romanelli, sobre a possibilidade de fechamento da Funproarte escreveu sobre o que havia lido em 18/04/94, palavras que nos emociona: “(...) com muita tristeza, pude ler que a Fundação está com seus dias contados. Será que nós homens temos o Direito de, com nosso descaso interferir na história interrompendo um projeto de grande valor cultural, social e econômico para nosso município? E continua sobre texto que Valdieri escreveu da hipótese da Fundação somente ter o alcance desejado em 2015: (...) “Se assim for, muitos de nós terá de assistir ao evento dos camarotes do Céu, pois já não mais estaremos aqui “di persona” para sentir aquela emoção que todos nós sentimos, principalmente Valdieri e Angella, no momento daquela inauguração”.
O Cachoeirense Presente deste ano de 2011, Juarez Tavares, foi um dos primeiros entre tantos outros a exemplo de Wilson Dilem a se pronunciar em defesa do projeto da FUNPROARTE. Quem o defenderá novamente?
Aqueles que repetindo o gesto de “Pilatos” lavam as mãos, não terão chance de arrependimento, quem tem competência para tal, mude o rumo da história, escreva seu nome nela, ressuscitando este projeto de importância cultural, social e econômica para Cachoeiro.
26 de junho de 2011
( LStz)