Dia desses um acontecimento
inesperado me remeteu a um momento vivido.
A cena sutil, que a vida me oferta para aprendizado, me convence que ‘o mundo é redondo não por acaso’. A volta nos apanha de olhos semi abertos e quando nos damos conta, tá lá a repetição.
Depois de um tempo acabrunhada,
perambulando entre o 'se devo e não devo', resolvi voltar ao jardim não
muito distante. Um lugarzinho charmoso, cheio de curiosidades, outrora
escondidas, mas que escarafunchadas por um genial e admirável escavador, traz á
tona o retrato histórico da construção daquele lugar.
Recordo então passagens
engraçadas, entradas e bandeiras ao vento. Dou boas risadas.
O pensamento imobiliza em lances
sombrios e vislumbro a chuva. A retina como refletor de imagens
nas folhas que gotejam preguiçosamente os pingos da chuva. Na primeira cena um
estridente som de telefone. Aborrecida, mas prezando pela educação, atendo o
miserável. Do outro lado alguém com voz doce e suave, após o cortejo inicial,
lança de vez a pergunta mortífera – onde você está? Ora, onde estarei? Pronto, o
fim do mundo chegou. Sem pestanejar respondi: a caminho do mar.
De santa em santa acabei filha da outra. Meu mundo quase virtual foi esculachado. Enfim,
uma armadilha, aquela incrustada voz me acionou, mas não sem antes ter recebido, telepaticamente, a visão de minha localização. Só desejou golpear com o jogo da verdade, sem as garrafas girando. Cretinices
de malévolas criaturas que escaparam de um filme de terror para dar voltinhas estúpidas pelo mundo
real.
Vi a caixa de pandora
se abrir!
Mas como em todo conto, a esperança ficou.
A chuva cessou.
Com o raiar do dia vem o presente e a próxima cena.
Recostada em confortável cadeira,
novamente naquele jardim, absorta em meus devaneios noturnos, ruído parece
estrondo, vejo estranhamente uma nave de prata plantar feito pluma. De cada uma
das portas despeja um alienígena om a cabeça coberta de lixo. Oh! que estranho mundo! Foram aplaudidos de pé.
Os reconheço. Já me açoitaram uma vez, duas, três,
talvez mais!
Alucinei? Cafeína? Talvez. Sorri. Se
o mal não te penetra, o universo te coloca face a face com os contrários, e estes, ainda assim, não te farão sucumbir, por certo são retratos pintados, inanimados.
Contente com meu corpo presente e
minha presença de alma. Silenciei. Quando prontos para o combate, novamente face
a face eu os reconhecerei, saberei quais os dons da caixa de pandora estarão
soltos no ar.
Para lamento dos seres com cabeça de lixo, sou taurina de alma boa, minha estrela ainda me guia com a luz que é
colada às primeiras sílabas de meu nome, que, descoberto grafado em saco de trigo, me segue, tal como apareciam amontoados nas estações onde tremiam os trilhos.
Agora cantam os pássaros, como fazem todas as manhãs, rompendo esse filme, coroando com a lembrança boa de quem é feliz só por querer bem.