22 de jun. de 2015

Reciclagem

O que mudou
 O que pode ter mudado
O que restou mudo
A tática do fino trato.

 O tato 
Pelagem e alma nuas
Água e sal
Fundindo o gelo.

Lapidados ou não
Comparecem os atores
Repetidos, de máscaras ou não,
Personagens incorporando a cena.

Dissimularam os fatos
Fatalidade
Correria o mundo
Revertendo a ordem

Monólogo
Não há lugar de luz
Pedra incandescente
Pesa o corpo, o coração, a alma

Reciclar
Privacidade rompida
Indiscrições dirigidas
Lamentos tardios

Afrodisíaco das vaidades
Que alheios sejam
O coração, acalanto do que é só
É livre
Ser fugitivo não cabe 

I CASA ABERTA - porta aberta ao Nathan!

Estive visitando São Pedro do Itabapoana na abertura do I Casa Aberta, gostei tanto que retornei. Trata-se de um projeto encabeçado por Rossini e Balbino, que já parabenizo pela organização, envolvendo a comunidade, que abre as portas de suas casas para mostra de artesanatos, hospedagem, comidinhas, plantas e o que mais puderem, a exemplo do um Armazém Bertonceli (aberto desde 1891) que "tem de tudo", um museu com relíquias exuberantes, antiquários, uma cachaça tema de doutorado, muita hospitalidade e alegria. Mas não é só a comunidade local que faz essa bela mostra de trabalhos. Lá encontramos também a representação de um artesanato bacana de outros municípios, como Bom Jesus de Itabapoana (RJ), Varre Sai (RJ), Mimoso do Sul( ES) e talvez algum outro que perdi a oportunidade de conhecer.
Bom, nessa nossa imperfeição, correria diária, achamos que passamos despercebidos. Engano!
No primeiro dia, semanas atrás, conheci o Nathan (foto),
que nos fez a apresentação do trabalho de reciclagem de pneus (Estofamentos e Capotaria Junior de Mimoso do Sul). Pois bem, Nathan ficou contente com as fotos, o que eu não poderia imaginar é que se lembraria especificamente daquelas fotos e também da breve fala com pedido de permissão para postá-las na internet, pois são inúmeras pessoas que fotografam o trabalho.
Para minha surpresa Nathan tem uma memória incrível, faz contas com perfeição e agilidade (já foi participante da Olimpíada de Matemática), prova de que zela pelo estudo.
Assim, esse vendedor mirim, que não perde oportunidades, recordou-se e logo veio a pergunta: Você postou minhas fotos? - Hum! Olha só Nathan, eu...pausa para a falta de graça do esquecimento...postei não, mas vamos fazer melhor, faremos tudo de novo!
Então vamos melhorar isso, e vamos divulgar além das fotos, o numero de celular do Nathan de Sá (por ele permitido), para o caso de você gostar do trabalho feito pelo Estofamento e Capotaria Junior, dar sua preferência de compra através de encomendas a ele.
E se encontrar dificuldade de ir até São Pedro escolha na foto dê um telefonema, faça sua encomenda, e ainda assim, se não conseguir, tem ai o telefone do artesão. Mas lembre-se de dizer que foi através da divulgação garantida por Nathan de Sá, esse nobre adolescente, que está inteiramente à disposição para boas vendas e orgulhoso do trabalho que faz.


Nathan de Sá (também no facebook com este nome) que tem o celular 28 999864973 estará também com todos os objetos à mostra em São Pedro de Itabapoana - ES (Mimoso do Sul) para a ultima apresentação do I CASA ABERTA, no próximo fim de semana (26,27, e 28/06) na pracinha da igreja. Belíssimo e útil trabalho de reciclagem de  pneus executado por Estofamento e Capotaria Junior.


24 de mai. de 2015

Diário de domingo de outono.

É mês de maio, já quase no final. O dia veio com a luz límpida, aquecendo e deixando tudo mais claro, improvisando um cenário de alegria e contentamento.

O calor já não é tão intenso como na estação pretérita, e as noites gradativamente crescem mais que os dias. nos trazendo maior conforto para observações.  

Uma tarde de outono deixa tudo mais tranquilo, nos dando oportunidade para vivificar. Um pouco mais de vento, pássaros que cantam com mais intensidade, as pessoas que se recolhem mais cedo exaltando o silêncio. Ponho-me a escrever as emoções que afloram com a tarde.

Tem um bem te vi que todos os dias ocupa o mesmo lugar na castanheira anunciando que a noite está chegando acelerada. Os beija flores em disparada disputam o bebedouro e as garças do Rio Itapemirim em revoada se apressam para ocupação de seus postos. O céu do Itabira, que agora é de um alaranjado menos intenso que o do verão faz lembrar das  cores com que pintei os meus momentos. Todos de cores fortes. Todos intensos.

De toda a paisagem vem a lucidez dessa tarde de outono, proporcionando maior entusiasmo para as reflexões positivas das ofertas que a vida faz, inspirando beleza e ao mesmo tempo melancolia, mostrando a transição entre um acontecimento e outro. 

Todo acontecimento é algo que passa do lado de fora, só produzindo emoções e interrogações se tocar o lado de dentro. Nesse momento é que damos conta da importância que eles tem, diferentemente para cada um. Ele é o ponto de partida para mudanças. Quem presencia o mesmo acontecimento mas não o remete ao interior não produz emoção, não traz em si a reflexão.

É tempo de mudança! É outono. Em muitos lugares, mas não em todos, a queda das folhas deixam as árvores nuas, renovando a vida ciclicamente. A cada novo acontecimento deveríamos nos impôr o questionamento das certezas que trazemos como definitivas, transmutando o pensamento, renovando a vida.

Inserida na paisagem da tarde de outono estou sóbria, sem lamentos ou grandes considerações. Agradecida vejo a entrada da noite, o silenciar dos pássaros, os cães que começam a anunciar que estão famintos e à disposição para um passeio, 

Imagem: LRStz - 

28 de abr. de 2015

Face a face com a hipocrisia.

Dia desses um acontecimento inesperado me remeteu a um momento vivido.
A cena sutil, que a vida me oferta para aprendizado, me convence que ‘o mundo é redondo não por acaso’. A volta nos apanha de olhos semi abertos e quando nos damos conta, tá lá a repetição.

Depois de um tempo acabrunhada, perambulando entre o 'se devo e não devo', resolvi voltar ao jardim não muito distante. Um lugarzinho charmoso, cheio de curiosidades, outrora escondidas, mas que escarafunchadas por um genial e admirável escavador, traz á tona o retrato histórico da construção daquele lugar. 

Recordo então passagens engraçadas, entradas e bandeiras ao vento. Dou boas risadas.

O pensamento imobiliza em lances sombrios e vislumbro a chuva. A retina como refletor de imagens nas folhas que gotejam preguiçosamente os pingos da chuva. Na primeira cena um estridente som de telefone. Aborrecida, mas prezando pela educação, atendo o miserável. Do outro lado alguém com voz doce e suave, após o cortejo inicial, lança de vez a pergunta mortífera – onde você está? Ora, onde estarei? Pronto, o fim do mundo chegou. Sem pestanejar respondi: a caminho do mar.

De santa em santa acabei filha da outra. Meu mundo quase virtual foi esculachado. Enfim, uma armadilha, aquela incrustada voz me acionou, mas não sem antes ter recebido, telepaticamente, a visão de minha localização. Só desejou golpear com o jogo da verdade, sem as garrafas girando. Cretinices de malévolas criaturas que escaparam de um filme de terror para dar voltinhas estúpidas pelo mundo real.

Vi a caixa de pandora se abrir!
Mas como em todo conto, a esperança ficou.
A chuva cessou.  
Com o raiar do dia vem o presente e a próxima cena.

Recostada em confortável cadeira, novamente naquele jardim, absorta em meus devaneios noturnos, ruído parece estrondo, vejo estranhamente uma nave de prata plantar feito pluma. De cada uma das portas despeja um alienígena om a cabeça coberta de lixo. Oh! que estranho mundo! Foram aplaudidos de pé.
Os reconheço. Já me açoitaram uma vez, duas, três, talvez mais!

Alucinei? Cafeína? Talvez. Sorri. Se o mal não te penetra, o universo te coloca face a face com os contrários, e estes, ainda assim, não te farão sucumbir, por certo são retratos pintados, inanimados. 

Contente com meu corpo presente e minha presença de alma. Silenciei. Quando prontos para o combate, novamente face a face eu os reconhecerei, saberei quais os dons da caixa de pandora estarão soltos no ar.

Para lamento dos seres com cabeça de lixo, sou taurina de alma boa, minha estrela ainda me guia com a luz que é colada às primeiras sílabas de meu nome, que, descoberto grafado em saco de trigo, me segue, tal como apareciam amontoados nas estações onde tremiam os trilhos.

Agora cantam os pássaros, como fazem todas as manhãs, rompendo esse filme, coroando com a lembrança boa de quem é feliz só por querer bem. 


15 de dez. de 2014

Dona Maria que dança é essa que a gente dança só!

Todo dia levantava cedo, dobrava seu cobertor, fazia seu café, varria seu meio metro de piso se balançando no ritmo do cantarolar daquele que lhe alegrava os dias.

Ameiga seu anjo amigo, retira o cobertor de um palmo que o protegeu do frio e de predadores, ele agradece gentilmente com os mais maravilhosos cantos.

- Eu entendia o que ele dizia no canto! Resmunga baixinho envergonhada.

Nos seus 84 anos solidão não conhecia. Aquele assobiar constante preenchia seus dias.

Às onze horas saia de casa. Em uma das mãos as marmitas dos pedreiros da obra próxima de casa, na outra seu amigo precioso, que, em grades amava e cantarolando saíam a passeio.

Cabeça branca, pano protege, olhos no chão sempre, não poderia nunca cair, vigia sempre, pedra no chão, nada de mal lhe aconteceria se cuidado tivesse nas ruas empoeiradas e esburacadas daquela vila do interior.

O amigo cantarolando, sol de inverno, comidinha cheirando, passos lentos e vagarosos, lembranças dos filhos, lembranças felizes.
Rompeu um grito. - Ei! A Senhora!  

Alegria partida, mão pesada veio roubar, dor cruel.

- O anel? tirei. machucava seu pezinho.

Pedidos e lamentos em vão, vista escureceu, mão alheia de macho viril pesada a retirar-lhe o amigo. Chave de casa atirada à rua, muitos assistem, nada podem fazer, uma voz ecoa, o companheiro da mão de ferro, como que querendo se desculpar da agressão que não é sua, pega chave do chão, carinhosamente devolve àquela que nada entende.

- Não acha que já abusou demais hoje? Resposta vem rápida - “sou abusado mesmo”.

Olhos cansados só enxergam as casinhas gradeadas, numerosas casinhas, seu amigo pra lá vai também.
Choro e dor. Levaram pra longe o amigo, pra outra cidade, terra de ninguém.

Sem dormir, agora a mente é um filme. - Será que tem frio? Ele só dorme coberto, o que foi feito dele? Nem mesmo perguntaram meu nome, nem mesmo escreveram nada, seriam ladrões disfarçados? Aquela mão de asco, o que fez do bichinho?

Acorda cedo, corajosa, vai enfrentar seus medos, leva na sacola um registro, papel que acredita salvará seu amigo. Já não há mais tempo, não se sabe quem o levou, quem era, nem pra onde foi.

Nos seus 84 anos, solidão agora conhece e lembranças são as suas companheiras.

Lugar sagrado destinado aos filhos, que ali já não moram faz tempão, agora é ocupado pela dor de não poder se defender, humilhada pela lei, onde respeito deveria ser palavra de ordem.

Para quem sabe ler, letra é letra, pingo é pingo, toda ação tem uma reação.

Estatuto do idoso existe, proteção aos pássaros também, na ordem de prioridades não se sabe quem vem. Se lei é lei, podem tudo, menos o que por ela é proibido, descumpriu, papel e caneta, anotação, notificação, auto de infração, penalização.

E dentro de sua função, só o que previsto está, papel e caneta, anotação, notificação, auto de infração, na falta dos itens, nada de apreensão. Sem penalização.

Nos seus 84 anos, até pedido de desculpa basta, mas luto, não terá tempo para acabar.

Assim, Dona Maria agora fica imóvel, olhando o tempo passar, dançando só, pensamento em seu amigo cantador, atenta ao único som que restou, vindo de um radinho de pilha velho que nunca lhe informou que não poderia ter um amigo por trás das grades. 
04.07.2010 

27 de ago. de 2014

O quarto do meio.

Esse foi um dia silencioso e cinza. O frio tomou conta de mentes e corações antes inquietos, agora contemplativos. É um instante que cora a face dos que, ainda sendo humanos, mostram sua nudez identificando-se no que faz todos iguais. A passagem do cortejo ao som das sirenes entre aplausos e lágrimas revelou uma emoção contida. Entre pensamentos soltos veio a imagem daquele corredor de tábuas escuras. Parei entre os portais que seguravam a porta clara que continha minhas imagens de infância. Três quartos! O do meio era o das fantasias.
Na parede à esquerda, que se juntava ao portal, havia a estante de portas de vidro, era a mais alta, com lindas coleções de livros. Moravam ali os grandes pensadores ocidentais. Encarcerados eles me olhavam através do vidro, eu, os cobiçava. Ousei vez por outra, em silêncio, abrir muito devagar uma das portas de correr, para não chamar atenção, tomava algum à mão, manuseava ali mesmo, de pé. Aleatórias leituras rápidas me traziam curiosidade. Escritas de Deus, da morte, da vida, da política e da arte, uma interrogação silenciosa que ficou sem perguntas e sem respostas.
Na parede imediata, que formava o ângulo reto, encostava-se a estante permitida, nesta, os livros que me levavam às viagens até as quatro horas da tarde, quando éramos chamados para o lanche e o banho. Tomada de imagens me vi deitada com a barriga para baixo, naquela cama que ficava colada à estante, joelhos dobrados, pernas cruzadas ao alto, livro nas mãos.
Da janela gradeada que ocupava uma parede inteira do quarto posso ver aquele quintal. Vejo-o nos dias de chuva e em dias de sol Nós de tão pequenos parecia que tínhamos um quintal gigante. Nossa caramboleira virava uma casa que nosso vô construía, fazendo das folhas de bananeiras as paredes que dividiria os cômodos. Ali era a nossa casa da arvore, no chão de terra com uma só coluna, paredes de folhas de bananeiras, amarradas umas às outras pelos barbantes, que antes amarravam os embrulhos de pão, telhado de folhas de carambola, móveis de pedras ou algumas tábuas velhas que meu vô arrumava. Ele certamente construía a casa de seus sonhos também. Nunca ouvi dizer que alguém teve uma casa de arvore assim, no chão, enorme! Após o almoço, quando chegávamos da escola, era de lei ir para a casa de nossa vó. Uma fila para tomar na mesma colher a gema de ovo de gansa com mel. Eca! Depois suspiro das claras. Oba!
Volto os olhos para o lugar de dentro me encontro defronte a penteadeira da parede à direita da porta, de um lado o Cristo de cerâmica azul clara que com seus olhos nos seguia em qualquer direção. Ele nos vigiava! Nada às escondidas, Ele nos via todo tempo! Era engraçado vira-lo de costas para que Ele não pudesse acompanhar meus passos. Do outro lado, cremes para pele e alguns bichinhos de vidro que me faziam sonhar. Dia destes é que descobri como se faz os bichinhos de vidro. Um vídeo na internet mostrava o artesão fabricando. Muito difícil e bonito o trabalho para fazer aqueles cavalinhos de vidro que tanto iluminaram meus olhos.
Com o tempo os livros que ocuparam meus dias tomaram outros rumos. As pessoas também. Carrego comigo tantas outras humanidades, partes que se somaram às minhas, recortes colados para sempre dentro ou pendurados feito móbiles dançando no ar. Levaram também tantas partes seguidas. Até hoje a gigante borboleta preta traz notícias ruins e dois homens vestidos de branco atravessam a calçada que levava à varanda da sala, e o som triste do choro de minha avó ecoa pela casa.
São suaves e ternas as lembranças daquela casa.
Minha bruxa de pano! Onde foi morar?
Um beija flor desmaiado ao bater na vidraça, salvo pela água que minha avó pingava em seu frágil corpo; embalar o morcego, que foi derrubado da árvore, com canções de ninar; as pontas das grades, que após nocautear muitos de nós abrindo brechas na testa, foram vestidas de retalhos para não mais ferir; as panelinhas minúsculas que desapareciam e reapareciam misturadas na terra renovando a alegria; as roseiras que davam tanto trabalho para não serem devoradas pelas formigas; ajudar meu avô varrer o quintal e queimar folhas secas; catar borboletas de todas as cores; esperar ansiosa pela chegada do tio que fazia mágicas incríveis com as lentes voltadas para o sol, e depois, revelar madrugada a fora, com ele, os filmes fotográficos ao som do aparelho que tocava discos antigos e muito grossos com musicas de orquestras barrocas. Não sei se os outros gostavam tanto quanto eu das músicas de meu tio. Era mágico ver as imagens aparecerem no papel fotográfico. À tardinha era hora da estação da rádio perereca invadir os rádios vizinhos. Oh coisa boa. Meu tio era biruta!!
Então foi assim que ao som das sirenes, mirei tudo pela tela que me transportou à inexistente janela do quarto do meio, o quarto da minha tia, que me ensinou ver as horas de pé, olhando para o relógio que badalava as horas, beliscando meus braços a cada erro, me mostrou como caminhar com os ombros para cima atravessando o cabo da vassoura entre minhas costas e braços, depois ainda, me alertou que para andar com equilíbrio deveria balançar os braços e me instruiu a amar seus livros quando a saudade por ela apertou. Recordo sua roupa de veludo que minha avó costurou para que ela não sentisse frio na viagem que a levaria à França.
Pequenos momentos de nós todos, criançada que de mãos dadas percorreram beira do asfalto a caminho da casa da avó, num filme feito da janela do quarto do meio. O quarto da minha tia.


13 de ago. de 2014

21 de jul. de 2014

Do mundo de lá

Pode ser pura bobagem, mas das notícias eu questiono: 
Como é deixar que decidam por nós? Como é delegar a alguns que tomem por nós as decisões que nos destruirá? 
Não sabemos e não saberemos a outra face nunca. 
Cada um mostra suas motivações. 
Vence ao final quem convence mais, seja pela destruição, seja pelo poder de impor seu pensamento ao conjunto todo.
A maioria de nós não sabe como será acordar ou dormir com o chamado aos nossos irmãos, pais, sobrinhos e amigos para enfrentar canhões e bombas em frente de batalhas. Não sabemos o que é ver ou ouvir as bombas caindo, a correria, os gritos e choro que seguem.
Como suportar essa selvageria se fomos criados para sorrir, trabalhar, e pensar na paz do mundo? Vivemos no país da alegria? 
Não dá para sorrir com sinceridade vendo o que se passa no mundo.
A falta de razão prevalece. 
Esperar algo que os faça voltar à razão, seguir em frente. 
O que faz alguém ser afetado por radicalismos extremos se os debates mostram que a construção da guerra faz parte de um plano de várias forças aliadas, não importa o que pensa a população mundial dos que não mandam, dos que não tem poder de fogo, dos que apenas podem fugir. 
Haja esperança para todos nós seguirmos em frente.

25 de fev. de 2014

Dominar-se

O que faz faltar o ar.
Alegria repentina, emoção, encanto.
Saudade, ah! Esta saudade.
Voz mansa dizendo que o café ta pronto.
Gente miúda subindo correndo pra o café não perder.
Pão quente ainda na régua do forno de lenha
De quando a ingenuidade era permitida e arrancava sorrisos dos espertos adultos
De quando o que te empurrava pra fora do jogo era pisar na linha da amarelinha, pisar na corda, não conseguir um lugar no pique alto ou um lugar seguro no pique esconde.
Chegar ao céu era fácil, bastava pular numa só perna de quadrado em quadrado, saltando a pedra que era jogada.
Hoje saltar sobre as pedras não é tão fácil, elas estão em todo o caminho. 
As cordas excluem e esconder é só para ser fugaz.
E o que faz faltar o ar...
A fumaça nos olhos
A saliva que engrossa
A palavra que não se diz
O eco silenciado
Na falta de respostas às perguntas de dentro
Faz faltar o ar
Não poder se explicar
Não entender o que se explica
Dominar-se.

14 de out. de 2013

Dentro

Não há lugar seguro àqueles que guerreiam a vida.
Alheia.
Mata-se muito!
Os muitas vezes mortos ressuscitam nas noites.
Apreciam o silencio, ascendem.
Transcendem a um lugar chamado dentro.


11 de set. de 2013

PARA AÇÃO ILEGAL - REAÇÃO LEGAL

Quem aspira à tutela jurisdicional visando ao dano moral nos crimes contra a honra não deve ambicionar exclusivamente a uma indenização pecuniária, pois nenhuma valoração financeira extingue o malefício causado, e ficará valendo o dito popular: “não se juntará as plumas lançadas ao vento”.

8 de set. de 2013

MONTE de gente ALEGRE

     Alegre de leveza no passo e fala mansa no ar. 
    Nos lábios sorriso farto, gargalhada tímida,
    ombros largos que cabem um mundo.
    Peito aberto, corpo fechado.

    Nos olhos o céu límpido da consciência sem dor,
    nos braços a força dos troncos, 
    nas mãos ágeis a brandura,
    nos pés a segurança da terra.

    Um altar que é pra todo mundo de paz.
    É lá que a mesma mão traz a vida e a devolve à terra.
    A cara da traquinagem escondida 
    sinaliza crianças brincando.

    É perfume de paz.
    Lacuna entre querer e não poder, 
    mas ainda assim fazer.
    De tantas Marias que fazem,
    esse Monte vai fazendo.

    Árvores Marias cheias de graça, senhoras de si.
    Bendita floresta do ventre livre, 
    rogai por todo delírio de quem te devastou 
    E sem piedade te plantou em outra terra.

    São frondosas Árvores Marias
    Que vão colorindo as danças, 
    tambores, flores, fogueiras 
    e todo o Monte Alegre de gente.
                                   LStz



 


 
 
 
   
 
 
 
 
   

3 de set. de 2013

"Museu da Saudade"

           A vida é um recomeçar a cada momento.
Edgar Morin


                                 
                      Foto LSTZ - no "Museu da Saudade" - João Bosco Côgo - Guaçui - ES

28 de fev. de 2013

Serenidade

Para encontrar um caminho não basta olhar de frente.Ao lado e para trás, insistentemente.Ir e voltar diversas vezes.Muitos caminhos percorridos e seus pés deixaram marcas.Observá-las.Dizer um "não" para uma oportunidade pode ser o inicio de um futuro "sim" para o crescimento.Quanta beleza tem dentro do dia, somam-se todos, cada um traz sua própria exuberância.LStz

28 de jan. de 2013

O Vigia



O homem com as duas mãos agarradas ao portão de grades azuis, as minhas agarradas ao volante. 
No vidro os pingos fortes da chuvarada que cai. 
Um dia cinza refrigerando a alma nesta terra tão quente. Notícias amargas de um domingo reflexivo.
A imagem do homem está lá.  
Passará seu domingo ali, sozinho, com seus pensamentos. 
Um carro para, o homem se levanta, o carro vai, nenhum movimento em sua direção. 
Retorna a seu posto. 
Senta-se olhando o nada.
 Levanta-se ao surgir novo carro, espreita, espera, o carro vai, volta o homem a se sentar, as mãos agarram a grade azul como num abraço inanimado.
Outro carro. Os movimentos se repetem.
Continuo a poucos metros, parada, indecisa. 
Esqueço o rumo que decidira tomar.
Observo o movimento lento a cada carro que entra no recuo para fazer retorno à cidade.
Quem sabe alguém parasse a se informar, quiçá alguém necessitando ajuda? Isso aliviaria a tensão daqueles braços agarrados à grade...
A visão da chuva caindo, o homem sempre pronto a atender, ninguém para. 
Outros carros em movimento, tudo me faz retornar, passo devagar pelo homem que se levanta, agarra-se à grade, sempre a olhar. 
Expectativas de romper o silêncio. 
Sigo. 
O vejo e me vejo através do espelho. Ele mira. Silenciosos.
A velocidade aumenta, admiro a chuva que agora é mansa.
Faço meu caminho de volta com o pensamento na expectativa solitária do vigia.
Ao retornar para os seus vai encontrar seu espaço, seu lugar, sua forma de viver, continuará silencioso acostumado àquele silêncio interior.

18 de nov. de 2012

Reflexos do dia

dia a dia...
O que me encanta nos poetas
nas cores e imagens de sonhar
o som do instrumento e a voz que faz emocionar. 
O que causa espanto.
Pensamentos! 
Imagem do mundo singular refletido por uma janela que se abre com o raiar do dia.
 e a noite... 
 é o espelho.

11 de nov. de 2012

Um clarão na fresta da porta



Flores, flores, e mais flores
Flores, raízes e folhas
Troncos, frondosos troncos
Galhos
Flores caindo ao chão
Pétalas cingidas de folhas secas
Pó, pedra, terra e suor
Inanimados
Contempladores dos descalços pés
sobre as amarelas folhas
Espinhos
Som de paz e de guerra
No estalar das vencidas folhas secas
No silencio das pulverizadas pétalas
O rastejar dos pés
Lampejo
que se espreita pela fresta da cerrada porta
É o tempo  que foi raiz, tronco, galho, folha, flor, pétala
Espinho cravado ao suor
do pé fincado na terra
pisando pedra, pó, folha, flor
Era para ser somente uma mística visão do sol se pondo